Quem pode se autodenominar um assessor literário? James McSill conta tudo: verdades e mentiras sobre ser um COACH LITERÁRIO
Bem-vindos ao meu blog... Bem-vindos ao Ateliê de Estórias Camila Prietto. Segundona chegando e mais uma semana cheia de possibilidades literárias.Essa semana preparei um presente para todos aqueles que amam a área literária e gostam de saber de tudo sobre ela. A postagem de hoje uma deliciosa entrevista com James McSill, meu amigo, tutor e coach literário. Sem papas na língua, nessa primeira parte da entrevista James conta tudo sobre ser um consultor literário e dá dicas para aqueles que querem conhecer os meandros dessa profissão.
Como posso me tornar um consultor de estórias?
(pergunta recorrente às pessoas que gostam de literatura/escrever e procuram um jeito trabalhar nesse área.)
(pergunta recorrente às pessoas que gostam de literatura/escrever e procuram um jeito trabalhar nesse área.)
Uma
vez que a pessoa tenha talento, inclinação, discernimento, inspiração, vontade
ou sinta-se ‘chamada’ a aprender uma profissão ou realizar algo por si ou pelos
outros poderá se tornar qualquer coisa. Entre elas, cirurgião plástico,
mãe-de-santo, professor, feirante ou consultor literário. Cada caminho terá os
seus próprios meandros, rituais, dificuldades e tempo de dedicação. Agora, se a
pergunta fosse: eu posso simplesmente me ‘intitular’ consultor literário,
Mãe-de-santo ou cirurgião plástico sem passar pelos tais meandros, rituais etc.
Eu diria que, no mínimo, é perigoso.
Tenho
uma velha amiga, que agora está treinando a sobrinha para se tornar
mãe-de-santo; sinceramente, a coisa parece mais complicada do que se tornar um
cirurgião plástico e imensamente mais difícil do que se tornar um consultor
literário. Gostar ou admirar algum caminho que se pode levar na vida ou
profissão alheia ajuda, claro. Mas só porque adoro a minha amiga mãe-de-santo e
admiro o que cirurgiões fazem, não me sinto inclinado a trocar a plaquinha do
meu estúdio que diz “você escreve, eu ajudo” por “traga a mim os seus
maus-olhados” ou “troque de nariz em vinte minutos”. O ‘gostar’ pode ser o
passo número um, depois disso tem o tal loooooooooooongo caminho. E digo mais,
com chegada incerta.
Acho um exagero quando dizem que é
mais fácil se tornar astronauta do que um
bom e conhecido consultor de estórias.
Mas
sem exagero, acho que o caminho para ser astronauta é mais bem traçado, sabe-se
como chegar lá. Para ser consultor de estórias – ou outras coisas a ver com
estórias – a gente não sabe bem como é. No meu caso, por exemplo, um dia
acordei e vi que havia uma fila de gente querendo me pagar mais que dois mil
euros (uns 7800 reais) para falar comigo e não queriam pagar nem 300 reais para
falar com outra pessoa que também se intitulava consultor de estórias ou algo
parecido. Hoje o meu preço e a minha fila aumentaram, e felizmente aumentam a
cada dia, ao passo que eu vejo pessoas que considero que tem tudo para serem
consultores indo fazer outras coisas na vida. Quem trabalha como ator ou médico
tem experiências parecidas com minha. Por que um ator acaba sendo um sucesso
numa novela com uma atuação mediana e o outro não? Por que a gente espera meses
para conseguir que “aquele” cirurgião mexa no nosso nariz e tire umas
gordurinhas da nossa barriga? Por que não se pega aquele mais barato? Não sei!
No outro dia alguém me dizia que era a Lei da Escassez ou outra coisa do gênero
relacionada a vendas. Que seja! Mas me parece, por exemplo, que há muita
mãe-de-santo no Brasil, porém, a minha amiga tem gente que viaja daqui da
Inglaterra e espera dias no Brasil até se atendido por ela por vinte minutos.
Se eu tivesse a resposta, escreveria um livro a respeito, só que não tenho. Em
suma, se tem vontade, vai em frente e tenta.
Quem sabe para ti vai dar certo. As explicações para o sucesso sempre serão muitas. Deixa-me contar sobre a mãe-de-santo. No ouro dia um amigo me dizia que o sucesso dele era devido aos charutos oferecidos às entidades serem cubanos. Para desespero do meu amigo, os charutos Don Porfírio usados pela minha amiga são fabricados em São Paulo, com fumo baiano e, de cubano, tem um gerente na fábrica! Aqui, repito: não sei... ou seria ter gerente cubano na administração da nossa empresa o grande segredo?
Quem sabe para ti vai dar certo. As explicações para o sucesso sempre serão muitas. Deixa-me contar sobre a mãe-de-santo. No ouro dia um amigo me dizia que o sucesso dele era devido aos charutos oferecidos às entidades serem cubanos. Para desespero do meu amigo, os charutos Don Porfírio usados pela minha amiga são fabricados em São Paulo, com fumo baiano e, de cubano, tem um gerente na fábrica! Aqui, repito: não sei... ou seria ter gerente cubano na administração da nossa empresa o grande segredo?
O que forma um assessor literário? Qual sua formação acadêmica?
(Pergunta de “professores de português")
Hoje em dia já há
escolas que formam pessoas em áreas correlatas. Por exemplo, a Oxford
University, aqui na Inglaterra tem um curso de ‘Undergraduate in Creative
Writing’ que acho excepcional. Mas há dezenas de outros, principalmente
enfocados em escrever para cinema, TV e vídeogames. Dos cursos em Nova Iorque,
se não me falha a memória, é que saiu o Saldanha, hoje por trás de filmes como
Rio e Rio 2 etc. Mas não há necessidade de ir a essas escolas, o diretor do
último Robcop é um brasileiro, desconheço a trajetória acadêmica dele, mas
creio que foi aí mesmo no Brasil.
Quanto a minha foi bem simples. Fiz Letras no Brasil, fiz uma pós em Negócios na Escócia e um ‘pós’em design de material para publicação na Inglaterra. O que isto me ajudou no que faço hoje? Muito pouco mesmo. De trás para frente, não sei usar nem o InDesign – nem o Word – direito e se eu tivesse que formatar um livro eu morria de fome, nos negócios tenho quem me ajude a administrar o estúdio – ou o estúdio já teria ido à falência --, quanto a Letras, tanto o meu inglês como o meu português permanecem um tanto precários. Basta ler (ouvir) as respostas a esta entrevista ou me ouvir no YouTube.
Ou seja, ser professor de português, se for o
caso, ajuda a editar texto, que nada tem a ver
com discutir com um autor uma estória ou ter
aquel insight que muda uma estória para melhor.
O que sei veio
muito na prática: errando MUITO, acertando um pouquinho e tendo a humildade,
talvez, para aprender com os meus erros. Claro, sempre me cerquei de pessoas
que eram/são experts no assunto e absorvi e apliquei o que pude. Acho que, no
meu caso, OSMOSE, digo brincando, deve ser a melhor explicação. Logicamente, há
conselhos mais realistas que posso elencar: primeiro é investir no
desenvolvimento das habilidades que você deseja desenvolver. Há anos que dedico
pelo menos 20% dos ganhos do estúdio à minha formação ou à formação de quem
trabalha comigo. Há dois anos, tenho esta historinha que ilustra, fui ao Japão
a convite do meu amigo Sérgio Tinem e na companhia de uma ótima palestrante ‘de
massas’ daí do Brasil, a Adriana. Fiz o meu trabalho bonitinho, as pessoas
foram amáveis e tudo o mais, mas a Adriana é quem sacudiu as massas. Lembro-me
de que o Sérgio, com muita delicadeza, apontava para o fato de que eu era um
professor, não um palestrante para massas (amigo sempre tenta justificar que a
agente é meio que uma bo***, mas não fede tanto). Ao contrário do ‘grande
grupo’, o meu curso de formação para um grupo de profissionais, estava cheio e
foi sensacional, as minhas conversas com a embaixadora foram muito
profissionais também etc – tanto que acabei sendo convidado para voltar o Japão
outra vez. Mas a minha lacuna era óbvia: mais que 40 pessoas na sala e eu
travava. Logo que voltei, investi mais de 30% dos meus ganhos daquele ano em
treinamento para aprender a falar para as ‘massas’. Não em palestras de
motivação como as da Adriana, mas palestras dentro da minha profissão. Valeu a
pena? Se valeu! Ano e meio após eu ser o ‘professor’ que só poderia ter 40
alunos de cada vez, em maio deste ano, dei duas palestras para mais de mil
pessoas cada uma, outra para mais de cem e, no dia seguinte, para mais lá sei
quantas. Um auditório lindo, superlotado, gente se divertindo e aprendendo
comigo. Ou seja, aprendi a falar com as massas. Isto me será de grande valia no
futuro próximo. Já tenho um evento alinhavado para 5600 pessoas. Os meus 30%
irão retornar em 3000% em pouco tempo.
"Tenho de investir,
estudar, treinar, testar,
errar, tentar outra vez,
errar, pagar todos os
micos do mundo até
começar a acertar.
Quanto a investir,
lembrar-nos de que se
não investirmos em nós
mesmos, quem o fará?"
A segunda coisa é aprender a gostar de gente. Quando comecei a dar treinamentos no Brasil eu era um ‘grosso’, com se diz no Rio Grande do Sul. Lembro-me de que a presidente de um clube de senhoras escritoras disse-me isto na cara – na verdade, num e-mail – mas não mediu palavras. E como ela tinha razão! A partir daquele dia passei a prestar atenção às diferenças culturais, ler livros de etiqueta brasileiros, comportar-me como o pessoal se comporta no Brasil. Tudo isto foi um investimento imenso, que resultou em, se você perguntar para um dos meus autores hoje em dia, eles quase me compararem com um monge ou anjo que caiu das nuvens. É fácil lidar com os nossos comportamentos? Não! É possível? Sim! Sobrevivi para contar a história.
Terceiro e último conselho, networking é a chave para abrir portas por onde passarão as oportunidades. O número de horas que passo por semana telefonando, jantando, tomando chá, encontrando, visitando clientes é quase ¼ do meu tempo. Nos eventos, então, nem se fala, é 100% do tempo. A boca fica inchada de tanto dar beijinhos, o ombro dói de tanto apertar mãos. Não há e-mail que eu não responda se for endereçado a mim, crio vínculos com todos os meus autores e muitos tornaram-se grandes amigos. Uma pessoa me apresenta a outra e, quando vejo, estou jantando com um reitor famoso, o governador de uma ilha portuguesa, um advogado dos mais poderosos da América Latina, um editor dono de um conglomerado de empresas. Para me preparar para tudo isso, leio muito, o estúdio deve ter uma coleção de uns 30 mil volumes de todas as profissões imagináveis; tenho dedicado tempo a psicologia, PNL, filosofia, História Universal, Artes e muito mais. O truque, afinal, que podem perguntar a quem me conhece, é que durmo só quatro horas por dia. Muita gente já testemunhou eu ministrar um seminário de três dias praticamente sem dormir. Em resumo, isto tudo a gente não aprende na faculdade, a gente desenvolve durante a vida.
Quem pode se autodenominar um assessor literário?
(Pergunta recorrente
feita por quem já conhece as técnicas e até domina cena, sequela e pdv. Sempre
me dá a sensação de que perguntam como se fossem “carimbar” tal função em seus
próprios currículos.)
Num país livre
qualquer pessoa podes se denominar qualquer coisa, salvo as profissões para as
quais existem algum tipo de exame. É contra a lei a pessoa se denominar médico,
dentista, engenheiro, padre católico, advogado etc. Mas consultor, professor de
inglês particular, organizador de festinhas de aniversário, pastor evangélico,
garoto de programa, escritor, ou milhares de outras atividades, basta mandar
fazer um cartão e se autodenominar. Não me parece moral, mas não é ilegal. No
caso de assessor literário, saber como se estrutura um texto não irá muito
longe, como não vai quem se autodenomina professor de inglês e mal fala a
língua. Hoje em dia vejo que muita gente que trabalha com marketing migra para
storytelling, muita gente que trabalha em cinema, jornalismo, propaganda e
relações públicas. Creio que essas migrações funcionam melhor que migrar de
professor de português para storyteller. Mas vale tudo. Na dúvida, vale tentar.
Aqui faço uma
ressalva, nos EUA ou no Reino Unido, normalmente o editor de uma editora não
tem formação como editor. No Brasil se tem como migrar de um curso de direito
para editor. Pessoalmente não vejo mal nisto, pelo contrário, é uma porta
aberta a quem fez Letras ou Filosofia e agora quer aditar livros.
Um professor de português ou literatura seria um bom consultor literário ou um revisor é melhor? Quem pode ser um melhor consultor?
(Professores, revisores e “blogueiros-escritores-amantes de literatura” que optaram pela faculdade de letras na certeza de que tal diploma os transformaria em escritores.)
(Professores, revisores e “blogueiros-escritores-amantes de literatura” que optaram pela faculdade de letras na certeza de que tal diploma os transformaria em escritores.)
Bom, se aprender
bem português poderá se tornar um revisor e preparador de texto. Consultor é
outra coisa, vê a resposta acima. Amar literatura sem dúvida ajuda a produzir
um livro na área que ama. Diploma de escritor é difícil, não existe! Vejam os
grandes escritores, eles vêm de todo tipo de profissão. Agora, eu sou sempre a
favor de lutar-se pelo que se quer, investir no que se pretende fazer. De tanto
lutar, quem sabe, um dia consegue. Elton John, por exemplo, acha que a melhor
forma de se tornar um cantor famoso é começar nos pubs – o caso dele --, outros
como Will Young, acha que vale a pena vencer um concurso! Outros acham que
seria casar com um jogador famoso. Tudo vale, não há regras. Como eu disse, não
é como ser um astronauta, que tem regra. Até o estudar não é um caminho
certeiro, o criador do Facebook não terminou a faculdade, o senhor da Apple are
hippie, o dono da Virgin é hippie até hoje. O que vejo em todo tipo e bom
consultor é que ele ou ela tem uma aura, um jeito inexplicável de ser, que os
diferenciam da maioria.
Quais são as aptidões necessárias para um consultor? Apenas conhecimento técnico basta ou existe "talento" em tal função?
Quais são as
aptidões necessárias para um cirurgião plástico? Um neurologista? Um arquiteto?
Um ator? Uma boa garota ‘escorte’ de milionários, um jogador da seleção
brasileira? Garanto: só talento não vai te levar muito longe. Tem que ter o
conhecimento técnico, que se ganha na escolinha de futebol, no grupo de teatro
da escola, na cirurgia de brinquedo para ver o que tem dentro do peixe-dourado
da titia. Só que aptidão vai além do talento e conhecimento. Aptidão é algo
mágico! Mas há sempre exceções. Tenho esta amiga garota ‘escote’ no México que
só tem aptidão, que no caso dela não é sinónimo de talento nem de conhecimento.
É algo mágico!!
Um assessor literário pode estragar um escritor em formação?
(Escritores
mais velhos, não publicados, com pensamentos pequenos: “o editor não quer me
publicar porque é antinacionalista e prefere os americanos” ou algo como “o editor
falou que meu texto requer muito investimento e prefere publicar algo mais
certeiro” ou “os editores brasileiros odeiam os escritores brasileiros e não
querem publica-los.” - Esse é bem pensamento do público da UBE (união
brasileira de escritores) quando se fala em formas efetivas de publicação como
arrumar o texto, eles chegam cheios de “pedras na mão”. O pensamento básico é:
meu texto é maravilhoso, mas o editor não gosta de mim.)
É um jeito de
pensar. Quem pensa assim, que o texto está perfeito, não precisa de um
assessor. Arte é algo muito particular. Quem garante que justamente o ‘texto
dele’ não está perfeito? Já está com a opinião formada.
Para ser justo,
há pessoas que precisam de um assessor para iniciar um projeto, terminar,
ajudar num primeiro livro.
Varia ao infinito.
As editoras são empresas
privadas, podem publicar quem quiser. Eu ficaria incomodado se uma editora
recebesse incentivos governamentais, ou fosse uma empresa pública com o claro
objetivo de publicar autores brasileiros e publicassem estrangeiros. O mesmo
vale para o texto mais certeiro. É importante que um autor iniciante esforce-se
para escrever o texto mais certeiro possível. Ou, se puder, vários textos. Um
poderá ser o certeiro. Lembremo-nos de que nem sempre é o primeiro texto que
escrevemos que vira o livro de estreia. Hoje, felizmente, temos como testar o
‘texto perfeito’ facilmente, basta publicarmos no Kindle, por exemplo, ou no
Clube dos Autores, no Lulu e tantas outras plataformas de publicação eletrônica
ou física. Se vender e muita gente gostar é porque está bom; se pouca gente
gostar, talvez não seja a hora de aquele texto ser comercializado. Observemos
que muito texto – e pinturas etc – fazem
sucesso muitos anos no futuro, quando o autor já virou pó. Ou seja, eis um autor
que vê as coisas à frente do seu tempo e será famoso apenas postumamente. Não
se preocupem jamais com um editor gostar ou não gostar, a publicação
independente resolve este problema. O editor é normalmente dono ou empregado de
uma empresa, às vezes bem pago, às vezes, não.Uma empresa tem outros propósitos
além de ‘gostar’ de alguém. Uma empresa precisa vender para as massas para ser
lucrativa. Imaginem o preço de UMA sandália feita especialmente para o seu pé?
Creio que nem Prada faz sandálias assim tão exclusivas. Não é que não ‘goste’
do seu pé, o problema é que, se for uma mulher, por exemplo, vai do 34 ao 38 no
Brasil. Se tiver pé 42, está fora! Tem de procurar outras alternativas; esqueça
Prada (editor). Resumo: todo pé é lindo, mas Prada só faz sapatos caros para um
certo nicho. Que tal fabricar o seu próprio calçado? Ou abrir você mesmo uma
fábrica que o faça? Crie o seu próprio nicho.
Como diferenciar um bom assessor literário de um ruim?
Se houvesse uma
resposta resolveríamos o problema de quem que quer assessor. Quem precisa de
uma assessoria tem de ver o que pretende no final do processo. Há arquitetos
que constroem casas quadradinhas, simples e funcionais. OK. Mas se quiser um
Buckingham Palace ou um Palácio do Planalto é outra coisa. Se um assessor honesto vai servir ao propósito. Ao menos
naquele momento. Vejo isto por mim. Em algum momento servi para despertar
alguma coisa num autor, ajudá-lo a ver as coisas de outra forma. Ou seja, na
época, foi bom o contato dele comigo. Anos depois, se ele já anda com as suas
pernas, tem outra forma de ver as coisas, o contato comigo, talvez, fosse ruim.
O mundo não é preto e branco! O mundo da arte, onde se insere a literatura de entretenimento, é multicolorido, furta-cor.
O assessor não vai fazer o escritor produzir textos massificados onde todos os escritores que trabalham com esse assessor irão escrever igual? Ele vai obrigar o escritor a escrever do jeito dele ou existe alguma técnica para descobrir a voz do escritor?
Se for assessor
no início de carreira corre-se este risco. Depois não. O fato é que não vejo
problema em produzir mais do mesmo, desde quem bem feito e que venda bem.
Como um assessor trabalha? Como começa? O que identifica primeiro em um texto? Aos olhos de um consultor, qual seria o pior pecado do escritor?
Não sei como os
colegas trabalham. Eu começo vendo que o candidato se vai ser um chato ou bom
de se trabalhar. Se eu achar que vou me dar bem com ele ou com ela, o restante
eu dou um jeito. Ou seja, para mim se for um chato, muito intelectual, sonhando
muito fora da caixinha, que não tem dinheiro para aguentar uma formação a longo
prazo eu prefiro não pegar.
Quanto a pior
pecado, o escritor virgem não peca. Por que pecaria? Se te tem vontade de fazer
direito, aprenda a fazer direito. Ou faz e vê se gosta, experimente todos os
gêneros, todas as formas, sozinho, em dupla, em grupo, online e aí vê. Tenho o
meu jeito de selecionar textos, mas confesso que mudo de opinião a cada semana,
Hoje, com o Nielsen BookScan, a gente vê tudo em tempo real. Chego a mudar de
opinião entre o almoço e o chá das cinco. Adoro viver e trabalhar nesta era em
que tudo vale. Viva a criatividade!
Em poucas palavras, o que torna um assessor referência no treinamento com escritores?
Segredo acho que
não tenho. No meu caso foi uma sorte danada. Hoje tem jornal dizendo que sou um
dos melhores do mundo. Creio, pelo bafafá que fazem, que deve haver um quê de
verdade. Só não descobri ainda como medem. Percebo isto quando entro numa sala
e se calam, querem saber a minha opinião. Ah!, penso, devem achar que sou
craque. E aí faço o que posso; pela idade a gente vira guru. Os que te odeiam
te odeiam, os que te amam, amam de paixão. É natural a busca pelo guru, o
assessor referência é um tipo de guru – até te chamam de mestre.
Olá Andréa Ascenção -- sim, esta está sendo uma tendência. Não que o livro vá sair igualzinho, pois para ir para uma livraria vai passar por uma edição mais profissional, mas se fizer sucesso, podes ter certeza de que vão te procurar. Tenho vários casos, mas um caso de que muito me orgulho é o do Maurício Gomyde, ele é um escritor de mão cheia, autopublicou, fez o maior sucesso em blogs até o dia em que as editoras vieram de joelhos pedindo que ele publicasse com elas. Há várias pessoas que têm blogs maravilhosos que viram livros, a minha amiga Alessandra J. Gelman Ruiz já editou alguns deles etc.Por questões éticas não posso fazer uma lista sem permissão, mas são dezenas! Acha que tem uma estória perfeita? TESTA. Duvido que uma editora comercial não vá se interessar pelo livro que vendeu 5 mil cópias autopublicadas ou pelo blog com 8 milhões de ciques! Felizmente vivemos numa era em que todos tem voz, se for bom fará sucesso, se não for, dirige o sonho para outro lado. heart emoticon
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