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A cena de ação


Uma cena se divide em cena de ação e cena de reação ou sequela.  

A cena de ação é exterior ao personagem, isto é, o leitor acompanha tudo o que acontece com o protagonista como se visse uma cena de filme. Lembra-se que falamos dos três elementos essenciais de uma estória? A cena de ação também segue a mesma regrinha e deve ter como estrutura básica a mesma tríade - personagem, obstáculo e desastre -.

Um grande personagem é essencial para se criar uma boa estória de ficção. Se o personagem principal for desinteressante, rapidinho perderá a atenção da audiência. E quando falamos em personagem, principalmente em se tratando de protagonista, logo pensamos em um ser humano. Entretanto grandes estórias foram escritas tendo como protagonista um animal ou objeto, e esses, dotados de características humanas, podem ser tão complexos quanto eu, você ou qualquer outro super herói. Nesses casos podemos até dizer que são “gente em pele de animais”, com desejos, emoções, virtudes e defeitos e tudo mais que se possa lembrar um ser humano. Observe os personagens da Disney que são animais, mas por quem criamos a mesma empatia que criaríamos se fossem humanos. E em se tratando de protagonista, não é tudo o que queremos?

Outro elemento importante para se criar uma estória é o objetivo; é ele quem estimula o personagem à ação. A cena tem objetivos menores e a estória tem um super objetivo.
Os objetivos menores são como uma linha central conduzindo a trama; irão compor a estrada que levará o personagem até o super objetivo. Por exemplo, se Carlos é o protagonista e seu super objetivo é reconquistar Maria, os objetivos menores dele poderiam ser os seguintes:

·       Descobrir onde é o novo trabalho de Maria;
·       Esperar do lado de fora do trabalho de Maria até que ela saia e ele possa abordá-la na rua.

·       Descobrir quem era o homem acompanhando Maria, e assim por diante.

Quando um personagem consegue o que quer sem nenhum obstáculo não temos uma boa estória e muito menos literatura. Alguns dizem que o personagem é tão bom quanto seu obstáculo, e pasmem, isso vale mais do que dizer que ele é tão bom quanto o antagonista, pois nem sempre ele tem tanta força numa trama quanto um maremoto, um vulcão em chamas ou uma ideologia.
E agora, qual é o fim da cena? O problema foi resolvido ou tudo aquilo que já era ruim ficou pior ainda? O desfecho, ou desastre é o famoso “que fim deu”? Conhecê-lo antes de começar a escrever a cena torna o obstáculo uma catapulta capaz de lançar o personagem direto ao desastre. Gosto de me lembrar desse elemento como aquele momento derradeiro antes da queda no abismo; quando o personagem usa suas últimas forças para cravar os dedos na terra da beirada do morro; mas ainda assim, não para de escorregar. Até que ele não aguenta mais e se solta. Pronto. Aí está o desastre. 

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