No dia em que conheci James caí de amores por ele....Física e Emocionalmente. Cheguei atrasada para a palestra, tropecei na porta e caí aos pés daquele que viria a ser além de meu mestre, meu tutor profissional. Ele simplesmente me sequestrou da arte dramática e me jogou na literatura com eu nunca poderia sequer ter imaginado. E mais do que isso. Não fosse o fato de James ser meu mestre e ter visto em mim a semente de uma consultora de história, esse mago das letras transformou alguém que gostava de escrever em uma pesquisadora de discurso narrativo e do Storytelling.
Ahhh....eu falei que ele é meu amigo? Nem precisa, não é mesmo? Quem conhece o James sabe que é impossível não ser amiga dele.
Por fim, só posso dizer que agradeço diariamente pela confiança que ele tem em meu trabalho e por me transformar em uma Consultora de Histórias.
Vamos conhecer um pouco mais do James McSill???
A minha
residência oficial é na Inglaterra, basta ir ao Google e buscar por McSill Ltda e poderão ver não só o domicílio mas até mesmo quanto dinheiro entra na conta
do meu estúdio ano a ano. Decidi por abrir mão do sigilo empresarial, o que foi
uma coisa acertada. Quando recebo ofertas de investimento ou cobro por um
projeto, tudo é às claras.
Quais nacionalidades você tem?
No momento duas,
a britânica e a brasileira. Mas tenho boa parte da minha documentação
portuguesa em andamento. O meu ‘sonho’ é um passaporte português no futuro
próximo. Tecnicamente não faz diferença, o britânico tem o mesmo valor em
Portugal devido à Comunidade Europeia, mas vou adorar ser cidadão oficial de um
país que, literalmente, me adotou. No Reino Unido, adoro a Escócia, daí usar o
nome McSill (no meu passaporte e empresa) – tenho até o meu cantinho de terra
escocesa, perto de Glasgow, já comprado, onde vou ser enterrado quando morrer.
Em Portugal, no meu novo passaporte, pretendo escolher um dos nomes da minha
avó de descendência portuguesa. Há vários: Marques, Almeida, Leite, Dias etc.
Gosto do ‘Dias’. Assinar um livro nos EUA, por exemplo, como ‘J M Dias’ vai ser
um charme. Como noutro dia eu falava num evento, só estou muito velho para
mudar de sexo, quanto o restante, não se surpreendam com qualquer surpresa. A
vida é para ser vivida em sua plenitude, e hoje. Quase morri num acidente
automobilístico este ano, o que veio a reforçar que se a gente não viver HOJE
poderá não haver amanhã.
No íntimo. Como você se sente a
respeito da sua profissão?
Confesso que
quando me fazem esta pergunta, tenho muita dificuldade em responder. Acho que
depende da Lua. Não é raro que eu me sinta uma fraude! E sei que não estou
sozinho nesta sensação. Neil Gaiman disse isto em várias entrevistas.
Eu me
olho no espelho e vejo o quanto eu não sei, o quanto eu tenho que aprender, o
tanto que ainda não sei lidar com as pessoas.
Entretanto, há os dias
maravilhosos, em que vejo o quanto pude ajudar alguém, como o meu trabalho foi
a chave para alguém realizar um sonho, uma empresa resolver um problema ou que,
como aconteceu no mês passado, tive em três dias, mais de 2200 pessoas fazendo
uma fila para entrar num auditório para me ver falar. Mas não é fácil, eu
vejo
aquela gente toda e consigo pensar em dezenas de pessoas que sei que adorariam
estar no meu lugar e que fariam o que faço melhor que eu. Como não sou
religioso, não tenho uma explicação paranormal. O que me consola, então é que,
de algum jeito, alguma coisa, devo fazer direito. Daí eu ter essa obsessão por
estudar, aperfeiçoar-me, trabalhar três turnos, ignorar fins de semana e dar,
como no ano passado, oito voltas ao mundo trabalhando. Tento, creio, compensar
a minha burrice, com uma disposição ferrenha para trabalhar. O meu problema
nunca é o que sei, esta sensação de fraude, é que vão bater na minha porta,
como diz o Neil, e te levar para a prisão onde apodrecem os engôdos, é
justamente pelo que eu não sei. O que sei é que preciso saber mais, empreender
mais, servir melhor.
Você sabe que já me disseram que sou uma fraude na minha cara?
Que chato....Mas
quem disse tem razão. Se achar que isto atrapalha os resultados do meu
trabalho, basta me escrever dando um feedback que absorvo o conselho na hora.
Quando dizem por despeito, inveja, intriga ou essas coisas que todos nós temos
por dentro e controlamos, é assim mesmo. Um pouco de fofoca apimenta a vida.
Felizmente não sou fraude o tempo todo, como disse, tenho esta sorte desgraçada
de conseguir coisas que, se eu mesmo visse de fora, acontecer a outra pessoa,
eu acharia fraude.
O que acho engraçado é quando acham que sou ghost-writer do
meu autor ou que ‘por mágica’ consigo publicar alguém. Se soubessem o trabalho
que os meus autores têm, as horas de dedicação. Uma coisa garanto, o texto dos
meus autores é mérito deles. Mas são tão queridos que, mesmo quebrado uma
regrinha aqui ou ali, acabam sendo publicados. Isto gera uma celeuma enorme em
quem tenta, tenta e tenta e não consegue. Tal como um feiticeiro, me diziam
outro dia, tenho esta aura de ‘mas-como-é-possível?’ e a varinha mágica para tornar possível.
Falando sério, estou neste meio a tanto tempo, que eu poderia ser a Maria Joana
disfarçada de James McSill e ainda assim ter um bom número de pessoas que
através do meu trabalho ainda lucram.
E se um dia tido acabar?
E se???? Um dia
VAI acabar! Tudo acaba. Dia 20 de maio tive uma parada cardiorrespiratória,
quase parou. Só que não parou ainda. Enquanto o não para, sigo em frente. Digam
o que disser, nem o pior inimigo seria capaz de dizer que não amo o que faço.
Levo tudo muito na brincadeira. Trabalhar comigo é sobretudo divertido. O
pessoal fala que dou chibatadas, mas é uma coisa muito 50 Tons de Cinza, nada
como uma Escrava Isaura. Vivo num país que me protege, fome, frio, moradia,
saúde e educação e até umas férias básicas todo mundo tem. Para isto eu
não precisaria trabalhar. Como meço a minha vida por valores e não por
dinheiro, eu podendo manter os meus valores estarei feliz.
Você gosta de escrever livros?
O meu talento
para escritor é muito limitado. Certa vez um escritor de Brasília colocava no
meu Facebook uma mensagem que dizia ‘se você fosse tão famoso como escritor
como você é como consultor, você seria mais famoso que o Dan Brown’. Tirando o
exagero, para ser Dan Brown tem de nascer Dan Brown, fico feliz de ter
encontrado o meu nicho: ser Consultor. Acho divertido escrever e ver um livro
meu na livraria, mas não faria disto a minha profissão. Claro, que há quem
discorde de mim e goste dos meus livros, recentemente tive um romance e um
livro técnico em segunda edição.
O livro técnico até me dá um certo orgulho, os
e-mails que recebo são positivos. Romance é diversão mesmo. Séries como ‘Book in
a box’, acho interessante, por exemplo, por poder ajudar os meus consultores a
se promover. A Camila Prietto, devido ao 'Book in a Box' que publicamos, hoje é consultora do
McSill Story Studio e terá o seu romance publicado por uma ótima editora e já
começa outros projetos de parcerias com gente boa e famosa na área. Quando
penso nisto, aí sim, penso que vale a pena o esforço.
Você parece não dormir. Está sempre
online?
Sim e não. Os
meus e-mails pessoais eu respondo, mas felizmente, tenho quem me assessore com
e-mails para a empresa, com as mídias sociais etc. Pegando como exemplo, Brasil e
Portugal, se não fosse a Noscilene segurar as pontas no Brasil e o Ricardo em
Portugal, não só eu não dormiria, como teria de ter um dia de 48 horas. Mas não
são apenas eles.
Agora no Paraná, esses eventos que são capazes de entrar para
o Livro de Recordes, quem não dormiu foi a minha amiga Eliane Bringmann e mais
uma equipe de umas 20 ou 30 pessoas. Não tenho problema em delegar, então toda
gente meio que me adota e cuida de mim. Isto vem bem a reforçar um dito que já
me ensinava a minha avó: 'somos a soma de todos os nossos amigos'. Então, eu não
sou só eu, sou o conjunto de pessoas que me rodeiam porque me amam.
Mas nem todo mundo te ama?
Claro que não.
Imagino que o número dos que odeiam por uma razão ou outra deve ser enorme. Mas
não acordo preocupado em agradar a quem me odeia, acordo preocupadíssimo em
agradar a quem me ama. Ao menos a quem me ama naquele momento. Neste ponto sou
muito liberal, creio piamente que qualquer pessoa possa a qualquer momento
amar-me ou odiar-me ou ignorar-me. Se dou este direito ao outro, sinto-me livre
para fazer o mesmo se me der na telha.
E dá na telha?
Quase nunca.
Adoro gente. Odiar não é comigo. Acho uma perda de tempo. Ignorar, porém, é a
minha saída predileta. Se percebo que os caminhos já não são os mesmos, as
metas são outras etc, afasto-me sem problema algum. Mas totalmente sem rancor.
Isto é uma coisa britânica, a gente aprende a dar espaço ao outro. Gosto também
quando dão espaço a mim.
Na profissão de consultor não é raro a gente criar uma
espécie de teia em que as pessoas se sentem presas, com dificuldade de escapar
por pressão dos seus pares. Cuido para que isto não aconteça.
O meu amigo
Fregonese até está escrevendo uma estória para Portugal sobre um consultor
literário que mantém os seus autores presos numa espécie de ‘Matrix’. Achei a
ideia genial -- o Fregonese tem sempre ideias geniais -, mas me serve de alerta
para eu não ser o vilão de uma estória dele.
Você é casado, solteiro, tem
família, gosta de mulher, de homem...? Você intriga e incomoda muita gente...
Incomodo como?
Por quê? Há alguém querendo casar com alguém? Querendo me separar de alguém?
Tenho uma família maravilhosa que me ama de paixão. Quando dou as minhas
cabeçadas e cometo os meus erros crassos, posso sempre me refugiar na família. Isto,
com certeza, fica fora da minha vida pública. Nada tem a ver com o meu
trabalho. A lenda de que gosto de homem, mulher, de todos ou de ninguém, que
sou católico, espírita, ateu e mil outras coisas acho apenas engraçado.
A minha
missão é deixar um legado de um trabalho bonito com as pessoas. As pessoas não
deveriam se incomodar com isso.
O que incomoda a mim é que, como pessoa
pública, pressinto quando alguém ‘puxa uma asinha’ para o meu lado. Hoje em dia,
a minha linha de amor meio que para na minha família e, entre as pessoas que
consideram a minha família, os meus amigos íntimos. A esses protejo. Qualquer
pessoa é bem-vinda ao meu círculo íntimo de amigos, mas nem sempre a ‘química’
rola, então há pessoas que aproximam-se e se afastam. Outras vêm e ficam. Nada
há de errado com isso.
Por que você não é religioso?
Eis outra coisa
que pouco interessa no meu trabalho. Se forem ao meu Facebook irão me ver
ajoelhado em Fátima, dançando com os meus amigos judeus, acendendo incenso num
tempo taoista e, nesta entrevista, mencionei a minha amiga mãe-de-santo. Um dos
meus melhores amigos é mórmon, uma das minhas grandes amigas é espírita
Kardecista, um dos meus editores é batista e outro melhor amigo é padre
católico. Eu os amo e admiro como pessoas. Sou Humanista. Cuido para salvar a
minha alma HOJE. Quando eu morrer, e houver Céu, haverá Céu. Se for o fim e eu
virar poeira estrelar, que assim seja.
Como é o seu dia?
Depende de onde
estou. Em casa, é muito simples. Não tenho carro, então caminho ou uso trem ou
ônibus. Pela manhã, acordo, como e vou para o estúdio. Normalmente de lá
resolvo as pendências do dia, falo com os autores – os tutoriais – e descanso
num cantinho cheio de almofadas. Volto a casa para jantar, depois, ou trabalho
de casa ou volto ao estúdio, depende do projeto. Mas adoro ser o último a sair,
principalmente no inverno. Ver as luzinhas do estúdio pela janela e a neve
caindo, acho um charme. Tudo é muito simples, simples mesmo. Mas o pessoal
adora a energia do ambiente. Até mesmo quando recebo ‘figurões’ que estão acostumados a ambiente ultra chiques, parecem apreciar passar o dia no meu ‘jardim de infância’.
Nesta semana em que dou a entrevista, estou com um
importante empresário brasileiro, acostumado a cadeiras do mais fino couro, numa tarde, eu trabalhava no meu computador e ele estava deitado no tapete a descansar
a cabeça num sapo de pano que a minha amiga Zeli me deu. A energia é ótima
mesmo.
Quando estou
viajando, depende do hotel.
Fico irritado se não houver boa conexão à internet. Se houver boa conexão, estou ‘em casa’. Um truque é que sempre mantenho o meu horário no fuso britânico, Londres GMT, então quase não sofro de jetlag.
Como você consegue viajar tanto?
Boa pergunta! Os
meus secretários são bem organizados, os organizadores dos eventos trabalham
bem com eles. Nunca tive problemas. Tenho malas prontas, deixo as minhas roupas
em Pocklington ou em Lisboa, e até mesmo em Porto Alegre. Adoro comer de tudo e
não sou alérgico a nada, daí comida nunca é problema.
Muito interessante ler sobre a vida de James, muito sincero no que diz e comprometido com que faz. Adorei!!!!
ResponderExcluirRealmente Adriana, acompanhando o dia a dia de James podemos ver que cada detalhe é composto de muita dedicação. ;-)
ResponderExcluirCamila, que entrevista interessante, você Camila, é uma escritora e roteirista de mão cheia, talentosa ao extremo, inteligente e sensível na medida certa. James é talento em reforçar potencialidades. Parabénss!!
ResponderExcluirOlá Leanddro! obrigada pelas palavras. Amei: "James é talento em reforçar potencialidades." Que palavras geniais. Convivendo com James nos últimos anos vejo isso acontecendo dia a dia. E mais, James enxerga nossas potencialidades antes mesmo de nós. Por isso muitos dizem que é tem bola de cristal!!! rs....
ExcluirAmei a entrevista, Cacá. O James é isso ai mesmo. Bjo. Devianna
ResponderExcluirO James é transparente! Aquilo que vemos nele é o que ele é! Competentíssimo e dono de uma didática impar! É daquelas pessoas que você quer levar para casa. E eu tive o prazer de levá-lo! Ele ensinou-me a escrever literatura. O que não aprendi foi por limitação minha...ehehehe
ResponderExcluirAdoro tê-lo como parceiro e amigo, e sei que ainda realizaremos muita coisa juntos.
Grandes palavras para descrever nosso mestre. Sinto-me como você. James é ímpar! <3
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