Publicado no Zero Hora.
O fenômeno
cada vez mais vistoso da literatura infantojuvenil voltada para garotas, que
faz a fama de nomes como a americana Meg Cabot e a brasileira Thalita Rebouças,
já tem uma leva de autoras best-sellers no Brasil.
Pode não ser
esse um nicho tão badalado quanto o universo dos bruxos, vampiros e seres
fantásticos, mas a, digamos, jovem literatura mulherzinha, que tem
características de diário íntimo e conversa entre melhores amigas, ocupa espaço
cada vez mais relevante nas estantes das livrarias.
– Quando
comecei, há 10 anos, era praticamente só eu. Hoje, quando vejo tanta gente
querendo escrever para esse público, fico muito feliz. Mas ainda é um mercado
pequeno se comparado ao americano, por exemplo – diz Thalita, autora de
sucessos como Fala Sério.
Na mesma
trilha, seguem autoras como Paula Pimenta, conhecida pela série Fazendo Meu
Filme, e Patricia Barboza, que assina a série As Mais.
– Na época em
que eu era adolescente, existiam vários livros como os da coleção Vagalume.
Mas, durante um tempo, não apareceu nenhuma novidade, até que a Thalita
revitalizou esse mercado – destaca Paula. – Escrevo lembrando de histórias que
vivi. As experiências dessa fase são mais ou menos as mesmas.
Segundo
Patricia Barboza, identificação com a garotada é um fator de grande importância:
– A maioria
dos títulos para esse público eram traduções de best-sellers internacionais. As
adolescentes são grandes leitoras e, quando encontram livros com
características brasileiras, identificam-se imediatamente. Com as redes
sociais, o contato direto com as escritoras aumentou ainda mais o interesse. A
autora de livros infantojuvenis se tornou quase uma amiga, aquela com quem você
pode compartilhar um problema pelo e-mail, tirar foto, conversar abertamente.
O interesse
por essa fatia cor-de-rosa do mercado teen – o segmento jovem responde por
entre 30% e 45% das vendas totais das editoras – estimula iniciativas como o
recente lançamento de O Livro das Princesas, assinado por Paula, Patricia e
pelas americanas Meg Cabot e Lauren Kate, best-sellers internacionais.
– Procurei
reunir autoras com as quais as adolescentes já têm uma identificação. A Meg tem
mais de 1 milhão de exemplares vendidos aqui, a Lauren Kate, 800 mil. Espero
que essa união mostre a popularidade das nossas autoras para o mercado internacional
– diz Ana Lima, editora do selo Galera Record.
Responsável
pela área comercial da Editora Gutenberg, que tem Paula entre seus autores,
Judith Almeida confirma que aumenta a oferta de textos para esse público:
– Muitos
querem escrever sobre esse universo, mas o sucesso da Paula vem do fato de ela
conseguir se comunicar como uma igual, e não como uma adulta se passando por
adolescente. A rigor, ela escreve para meninas de 16 e 17 anos, que se
identificam com histórias sobre o fim da vida escolar. Mas as filas nos seus
lançamentos indicam que ela conquistou também meninas de 11 e 12 anos. Se o
universo fantástico contempla meninos e meninas, esse nicho específico do
universo feminino conta com fãs muito fiéis.
O Livro das
Princesas
Recém-lançado
pelo selo Galera Record, o livro que reinventa personagens clássicas dos contos
de fada com uma abordagem contemporânea ilustra o investimento das editoras
brasileiras em autoras nacionais. Nesta coletânea, ao lado de duas
norte-americanas reconhecidas internacionalmente – Meg Cabot (de Diário da
Princesa) e Lauren Kate (de Fallen) –, estão as best-sellers Paula Pimenta (de
Fazendo Meu Filme) e Patricia Barboza (As Mais), que seguem os passos da
carioca Thalita Rebouças.
Thalita
Rebouças
Paula Pimenta
A autora
mineira já soma mais de 250 mil exemplares de livros vendidos. De seus nove
títulos, destacam-se os quatro volumes da série Fazendo Meu Filme (editora
Gutenberg), iniciada em 2008 e que tem como protagonista Fani, uma menina
apaixonada por cinema que vê sua vida sofrer uma reviravolta após fazer um
intercâmbio – o primeiro volume vendeu 64,4 mil exemplares. Em 2011, Paula
lançou o primeiro livro de uma nova saga, Minha Vida Fora de Série, sobre uma
adolescente que encara o recomeço decorrente de uma mudança de cidade.
Patricia
Barboza
A escritora
carioca tem nove livros publicados e é conhecida pelo sucesso da série
intitulada As Mais, cujo primeiro volume, lançado em 2012, já vendeu 20 mil
exemplares – outros dois volumes somam mais 10 mil livros vendidos. As Mais
fala sobre a amizade de quatro meninas, Mari, Aninha, Ingrid e Susana. O
primeiro livro é narrado pelas quatro personagens. A partir do segundo, cada
garota narra sua própria versão da história – a série terá cinco volumes.
Publica pela Verus, selo da editora Record.
Novas autoras
Entre outras
escritoras que despontam no universo adolescente, destaca-se a paulista Carina
Rissi, de Perdida, lançado em 2010 pela Verus e relançado em 2013. Uma das
apostas da Gutenberg é Bruna Vieira, mineira de 19 anos que levou para o livro
Depois dos Quinze seus relatos no blog homônimo – lançado em março, já vendeu
15 mil exemplares. A mesma editora prepara o lançamento de Diário de Classe, no
qual a catarinense Isadora Faber, 13 anos, narra as experiências escolares que
foram tema de polêmica quando publicadas no Facebook.
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