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Baoba - Central de Histórias! - Chapeuzinho Vermelho

Bem vindo a nossa central de histórias!

A nossa ideia é compartilhar com vocês histórias muitas vezes conhecidas e outra até desconhecidas, contos de fadas, contos fantásticos entre outros, para interagirmos e trocarmos conhecimentos!
Você conhece um conto tradicional que poucos sabem? Mande para nós a sua sugestão de histórias, e nos ajude a fortalecer o nosso BAOBÁ.
Essa semana traremos uma história muito conhecida "Chapeuzinho Vermelho", mas em uma versão um pouquinho diferente, escrito por Camila Prietto.


Boa Leitura!



"Numa pequena aldeia, às margens de um belo bosque, vivia uma menina de olhos negros e louros cabelos cacheados. Todos que a conheciam não cansavam de dizer o quanto a adoravam. Contudo, ninguém a amava mais que sua avó, que não se cansava de agradá-la.  
Certa vez, a avó lhe deu uma capa com capuz, feita de veludo vermelho. A garotinha gostava tanto do presente que fosse noite ou fosse dia, colocava sua capa com capuz. Não demorou muito até que se tornou conhecida por Chapeuzinho Vermelho. Afinal, nunca tirava o capuz! 
Um dia, sua mãe preparou algumas broas, das quais a avó de Chapeuzinho gostava muito, e chamou a filha:
- Chapeuzinho Vermelho, vá levar esses quitutes para a vovó. Ela gostará muito. Já faz alguns dias que sua avó não passa muito bem e, com certeza, não tem vontade de cozinhar.
- Vou agora mesmo, mamãe.
- Mas preste atenção, minha filha: tome cuidado e não fale com estranhos.
- Sim, mamãe.
- Siga pela estrada principal e não se desvie. Há muitos perigos no bosque, porém os animais não atacam na estrada. Você chegará em segurança na casa da vovó.
- Tomarei cuidado, mamãe, não se preocupe.
A mãe arrumou as broas em um cesto e colocou também um pote de geleia e um tablete de manteiga.
Chapeuzinho sabia que a vovó gostava de comer as broas fresquinhas com manteiga e geleia, então pegou o cesto com as guloseimas e se foi, contente, pois daria um belo passeio.
A avó morava isolada no bosque, a uma boa meia hora da aldeia, e a caminhada era encantadora. No meio das árvores, ouvia-se o cantar dos pássaros e, ao longe, os ruídos dos machados dos lenhadores. Havia borboletas pelo caminho e, às vezes, algum coelhinho, saltitando de um lado para o outro, cruzava correndo a estrada. Mas não foi com ele que Chapeuzinho se distraiu, mas com uma borboleta muito amarela e brilhante, que se movia rápido entre as flores. Logo pousou numa moita de margaridas tão lindas que Chapeuzinho resolveu colher um buquê para levar à avó.
Ia pela estrada principal acompanhando os raios de sol que dançavam entre as árvores, de um lado para o outro, quando, de repente, apareceu-lhe na frente um lobo enorme, de pelo escuro e olhos brilhantes. Não sabia se tratar de um animal malvado, e por isso, não teve medo algum.
Olhando para aquela linda menina, o lobo pensou que ela deveria ser macia e saborosa. Queria devorá-la numa bocada só, mas temendo os cortadores de lenha que poderiam ouvir os gritos da vítima, decidiu usar a astúcia.
- E aí, mocinha... Mas que capa bonita... Você gosta de vermelho, não é?
- Sim, gosto. Obrigada, foi minha avó quem fez.
- Qual seu nome, “mocinha de vermelho”?
- Todos me chamam de Chapeuzinho.
- Hum... E aonde a Chapeuzinho “vermelho” vai assim “toda arrumada”... E com uma cesta na mão?
- Vou visitar minha avó. Ela não está muito bem de saúde...
- E a cesta?
- A cesta está cheia de guloseimas que a mamãe fez especialmente para ela.
- Ora, ora... Muito bem. E onde sua avó mora?
- Numa casinha perto do moinho, no interior da mata.
- Perto do moinho? Nunca vi casa por lá...
- É uma casinha de tijolos que tem na porta um “bem-vindo” todo feito em crochê. É só passar o moinho. Não tem como errar!
- Hum... – disse o lobo, pensando que sabia exatamente qual era a casa. Ficou muito animado com a ideia de refeição dupla. – Pena que não posso acompanhá-la. E não saia da estrada principal, hein... Chapeuzinho “vermelho”.
Chapeuzinho concordou com a cabeça e seguiu seu caminho.   
O lobo deixou que a menina saísse primeiro. Conhecendo o bosque tão bem quanto seu próprio focinho, embrenhou-se na mata. Rapidinho, chegou à casinha da vovó
Como suas patas eram enormes, usou apenas a unha de um dos dedos para bater à porta o mais delicadamente possível. 
- É você, Chapeuzinho?
- Sim sou eu, Chapeuzinho Vermelho, vovó. – disse ele, falando fininho e fazendo uma vozinha doce.
- O que aconteceu, minha netinha? Por que está com a voz tão grossa? Pegou friagem?
- É... – respondeu o lobo tossindo ao final.
- Entre, a porta está destrancada. 
O lobo não esperou por um segundo convite. Entrou e foi direto para o quarto. 
Deitada na cama a senhorinha estava bem abatida. Sorte do lobo, que se aproximou depressa e, sem dizer uma palavra, deu um salto, se atirando sobre a velhinha. Antes que ela pudesse gritar, engoliu-a inteirinha, sem nem mastigar. 
Em seguida, ele vestiu as roupas da velhinha, colocou a delicada touca na cabeça peluda, fechou as cortinas, deixando o quarto à meia-luz, e enfiou-se embaixo das cobertas.
- Agora é aguardar a Chapeuzinho Vermelho. Ela nunca desconfiará que estou no lugar da vovó! – disse ele para si mesmo e pôs-se a esperar.
Quando chegou à casa da avó, Chapeuzinho, imaginando que a velhinha pudesse estar dormindo, bateu de leve na porta, que se movimentou para dentro, abrindo caminho para que entrasse. Foi direto para o quarto. Lá chegando, estranhou a falta de luz.
- Vovó
- É você, minha netinha, não é? – perguntou o lobo, esquecendo-se de disfarçar a voz.
Chapeuzinho se espantou um pouco com a voz rouca, mas pensou que fosse porque a vovó ainda não estivesse muito bem de saúde...
- Sou eu, vovó.
- Deixe tudo em cima da mesa e venha aqui para a vovó te dar um beijo.
Chapeuzinho deixou a cesta na mesa e, com as flores ainda nos braços, se aproximou da cortina e a abriu, iluminando o quarto.
- Veja vovó, que belas flores eu lhe trouxe.
No susto, o lobo catou as flores e as puxou para frente do rosto, se escondendo.
- Oh, não. Por favor, minha netinha, meus olhos doem. Feche a cortina e sente-se aqui.
Ela obedeceu e se enfiou embaixo das cobertas como sempre fazia com avó. Mais uma vez estranhou. A avó parecia mais quente que o normal.
Quando o lobo tentou envolvê-la com seus braços, ela comentou:
- Que braços longos e peludos a senhora tem.
- São para te abraçar melhor, mocinha...
- E que orelhas compridas.
- São para te ouvir melhor, mocinha...
- E que olhos tão grandes.
- São para te ver melhor, mocinha...
- Vovó... – Chapeuzinho se afastou um pouco. – Que dentes grandes e afiados a senhora tem!
- São para te devorar melhor, Chapeuzinho... Vermelho.
Nesse instante, o cobertor que escondia a identidade do lobo voou para o chão.
Chapeuzinho não podia acreditar que o mesmo lobo simpático de antes, que agora parecia bem assustador, estava no lugar de sua avó.
Nessa hora, o lobo pulou para cima dela, mas com a avó inteirinha dentro da barriga, estava pesado demais para saltar como sempre. Enroscou as pernas no cobertor e estatelou-se no chão, caindo bem em frente à porta.
Chapeuzinho não tinha para onde correr.
Livrando-se do cobertor, o lobo deu outro pulo. Num único movimento, a alcançou. Como fez com a avó, nem mastigou a garota. Engoliu o banquete sem poupar nem mesmo a capa vermelha. 
- Agora estou realmente satisfeito – resmungou o lobo. - Hora de tirar uma soneca.
Voltou a se enfiar embaixo das cobertas, fechou os olhos e logo começou a roncar.  E como roncava alto.
Algum tempo depois, passando em frente à casa, um caçador estranhou o barulhão e resolveu bater à porta, que logo na primeira batida se abriu. Curioso, o homem foi entrando com sua faca em punho. Fotos espalhadas pela casa indicavam que uma senhorinha morava ali.
Como essa mulher ronca alto” - pensou ele -será que está passando mal? Vou dar uma espiada.”
Chegando no quarto, abriu a porta devagar e foi se aproximando da cama.
O caçador deu um pulo para trás.
- Mas o que é isso?
Vendo a enorme barriga do bicho, que mais parecia um grande balão, o caçador desconfiou que o lobo tivesse comido a pobre velhinha.
- Sua carreira terminou, velho lobo malandro. Faz bastante tempo que venho procurando você.
Ele ergueu a espingarda para atirar, mas viu a barriga do lobo se mexendo e pensou:
Aposto que este danado comeu a velhinha sem nem se dar ao trabalho de mastigá-la. Se foi isso, talvez eu ainda possa ajudar!”.
Guardou a espingarda, pegou uma tesoura e, bem devagar, bem de leve, começou a cortar a barriga do lobo adormecido.
No primeiro corte, viu um tecido vermelho; depois, um pequeno capuz e, então, uma cabecinha loura. E, com mais alguns golpes, uma menininha pulou para fora e exclamou:
- Ah, estava com tanto medo. Era tão escuro dentro do lobo! Obrigada, senhor, agradeço muito por ter me libertado. Faça outro corte, por favor, assim poderá salvar também a minha avó.
O caçador recomeçou seu trabalho com a faca e da barriga do lobo saiu também a vovó.
- Que susto! Eu... a vovó tossiu um pouco. – Eu nem acredito que estou salva. Obrigada.
Ela falou tão baixinho e com tanta dificuldade que mal se pôde ouvir o agradecimento.
A neta a abraçou, dizendo:
- Agora pode ficar sossegada, vovozinha, não há mais perigo. 
O homem se aproximou das duas.
- E agora? Temos que castigar esse bicho como ele merece.
Chapeuzinho Vermelho foi correndo até a beira do córrego e apanhou uma grande quantidade de pedras redondas e lisas. Entregou-as ao caçador, que arrumou tudo bem direitinho dentro da barriga do lobo e costurou. 
Em seguida, os três saíram da casa e se esconderam entre as árvores, aguardando que o lobo fosse embora.
O caçador deu um tiro para o alto e não demorou muito para que o lobo saísse pela porta e se embrenhasse na mata.
O lobo sentia um peso estranho no estômago e pensava:
Que família mais indigesta, aquela criança e a velhinha.”
Logo o animal não aguentava mais andar, parecia ter o peso de mil lobos.
Quando se abaixou no córrego para beber água, as pedras pesaram na barriga, desequilibrando o lobo, que caiu na água e acabou preso no fundo.
Todos ficaram muito satisfeitos. O caçador foi embora contente por ter salvado as duas, a avó comeu com gosto as broinhas com a geleia e a manteiga e Chapeuzinho Vermelho aprendeu a lição: jurou para si mesma que nunca mais esqueceria os conselhos da mãe."
Versão: Camila Prietto.


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