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Era uma vez... o mundo distante dos contos de Fadas Parte 1

Camila Prietto
02/04/2016

  Desde a época em que os animais falavam, quando as fadas ainda concediam desejos, Gatos, Polegares e um famigerado Barba Azul povoam o imaginário infantil. A arte de contar histórias é sem sombra de dúvidas a maior e melhor forma de expressão utilizada pelas sociedades.  Muitos têm na memória momentos em que esta arte se fez presente e os encantou. Os contos de fadas são obras que se agarram a memória no exato momento em que musicalidade e o encantamento do “Era uma vez" nos aprisiona.  

     A história das narrativas populares que vieram a se tornar os famosos "contos de fadas" é complexa e intrigante. Perpetuaram-se ao longo dos tempos tendo como sua principal característica a facilidade em lidar com os conteúdos essenciais da condição humana. Durante séculos os relatos folclóricos, mitos e lendas populares foram sendo transmitidos de geração a geração, sofrendo sensíveis modificações. Entretanto só foram transpostos para a linguagem escrita há pouco mais de três séculos, constituindo o que hoje consideramos a literatura infantil clássica”. 
    Charles Perrault foi um dos responsáveis por registrar esses relatos. Ele já era idoso quando começou a escrever as histórias da tradição oral que ouvia de sua mãe ao pé da lareira. O escritor e poeta francês ficou conhecido como pai da literatura infantilpor figurar como um dos primeiros autores da história a dar acabamento literário para esse tipo de literatura, isto é, ele foi capaz de oficializa-los como um tipo de gênero literário. 

     O registro transformou o autor em um grande divulgador de histórias tradicionais do folclore europeu e foi responsável por tornar essas histórias conhecidas no mundo inteiro. Sua obra mais famosa, os "Contos da Mamãe Gansa" (Contes de ma mère l’ole), teve a primeira edição publicada em janeiro de 1697 com o nome de Histórias ou contos do tempo passado com moralidadese era chamado de Contos da Velha” e Contos da Cegonha”.
    
     Suas histórias mais lembradas são:

- Chapeuzinho Vermelho (Le Petit Chaperon rouge)
- O Gato de Botas (Le Maître chat ou le Chat botté)
- Cinderela (Cendrillon ou la petite pantoufle de verre)
- Pele de Asno
- O Pequeno Polegar ( Le Petit Poucet)
- O Barba Azul (La Barbe bleue)
- A Bela Adormecida (La Belle au bois dormant)
- As Fadas

     Um nobre da alta sociedade francesa da época, Perrault passou a maior parte de sua vida integrando a Corte do Rei Luís XVI. Apesar de membro da alta burguesia, tornou-se conhecido mundialmente por criar uma literatura popular e agradável tanto a crianças quanto a adultos. Pertencente a uma nobre família da cidade de Tours, próximo à Paris, Perrault foi um dos criadores da Academia Francesa de Ciências e integrou a Academia Francesa de Letras, e só começou a ganhar reconhecimento literário por volta de 1660 com seus poemas de amor.    
            Quando escreveu os "contos da Mamãe Gansa para divertir seus filhos, o artista criou versões modernas de contos populares já esquecidos. Com estilo mais simples e sem as afetações, a publicação rompeu os limites literários e alcançou públicos de todos os cantos do planeta, além de marcar um novo gênero da literatura: o conto de fadas. Usando uma linguagem bem popular, tornou-se o primeiro a dar um fim literário a estes tipos de histórias, antes apenas contadas entre as damas dos salões parisienses. 
     Os contos de fadas sempre foram vistos como narrativas capazes de traduzir o imaginário, interpretar conflitos e auxiliar na formação de valores. Talvez até por isso fazem parte do universo cultural de nações e gerações. Desde as eras mais remotas, devido ao seu caráter plurifuncional, reforça a idéia de que a literatura infantil além de arte, emoção e prazer, é um poderoso instrumento para a expansão da capacidade de análise do mundo e de conflitos internos.
     Conhecer diferentes análises sobre a estrutura dos contos de fadas é importante para que possamos distingui-lo de um texto comum. Por exemplo, em um conto de fadas a ocorrência de situações ou seres sobrenaturais não provoca qualquer reação nas personagens ou no narrador, e, conseqüentemente, nem no leitor, pois os elementos insólitos estariam inseridos em um universo em que tudo” é possível, tornando a presença do maravilhoso fundamental . É ele que dá ao conto de fadas o caráter imaginativo, sua característica mais marcante. Ou seja, nos contos de fadas ocorrem situações fora do nosso entendimento, que vão além da dicotomia espaço/tempo ou é realizado em local vago ou indeterminado na terra. Os fenômenos em um conto de fadas não obedecem às leis naturais que regem o planeta. Sua maravilhosa dimensão vai além das possibilidades histórias, colocando a ausência de fronteiras como acessório ao propósito moral das narrativas
     As histórias são atemporais, apresentando verbos no pretérito imperfeito e clichês conhecidos, como:

Era uma vez...
Em um tempo quando os bichos falavam..."
muitos e muitos anos...
Manhã de verão...

     Essas narrativas quase sempre supõem um êxito, um final feliz” e Muitas vezes terminam com um final abrupto, devolvendo de repente o seu ouvinte para a realidade. No caso do conto maravilhoso, os elementos sobrenaturais não provocam qualquer reação particular nem nas personagens nem no leitor implícito. Não é uma atitude para os acontecimentos contados que caracteriza o conto de fadas, mas a própria natureza desses acontecimentos. 


Sobre o cenário predileto dos contos geralmente surgem florestas encantadas e majestosos castelos, onde na maioria das vezes fica por conta do imaginário do leitor a incumbência de criar os detalhes.
    
Que tal agora criar o seu próprio conto de fadas?
Falamos sobre alguns elementos importantes nesse tipo de narrativa e também como se comportam os elementos ligados a ela. Utilize esse conhecimento para criar sua historia. Baixe a Ficha de Criação_01_Era uma vez...  e comece agora mesmo a experienciar o que é contar uma história em forma de conto de fadas.
Qualquer dúvida é só deixar um comentário que teremos o maior prazer em responder.


             


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