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Baoba - Central de Histórias! - Bela Adormecida de Charles Perraut.


Bem vindo a nossa central de histórias!


A nossa ideia é compartilhar com vocês histórias muitas vezes conhecidas e outra até desconhecidas, contos de fadas, contos fantásticos entre outros, para interagirmos e trocarmos conhecimentos!

Você conhece um conto tradicional que poucos sabem? Mande para nós a sua sugestão de histórias, e nos ajude a fortalecer o nosso BAOBÁ.

Essa semana traremos um conto de fadas muito conhecido "Bela Adormecida", mas na versão de Charles Perrault!


Boa Leitura!






















Bela Adormecida – Charles Perrault

Era uma vez um rei e uma rainha que viviam tão chateados por não terem filhos, tão chateados que nem há como dizer. Eles percorreram todas as estações de águas do mundo; fizeram promessas, peregrinações, pequenas devoções, tentaram de tudo, mas nada adiantou de nada. Finalmente, no entanto, a rainha ficou grávida e deu à luz uma menina: fez-se um belo batizado; escolheram por madrinhas da princesinha todas as fadas que puderam encontrar pelo país (encontraram sete), para que cada uma lhe desse um dom, como era de costume das fadas naquele tempo, e a princesa tivesse, desse modo, todas as perfeições imagináveis.

Depois das cerimônias de batismo, os convidados voltaram para o palácio do rei, onde houve um grande banquete para as fadas. Diante de cada uma, foram postos talheres magníficos com um estojo de ouro maciço, onde havia uma colher, um garfo e uma faca de ouro fino, cravejados de diamantes e rubis. Mas, quando todos tinham tomado lugar à mesa, viu-se entrar uma velha fada que não tinha sido convidada, porque havia mais de cinquenta anos que ela não saia da torre, e a julgavam enfeitiçada ou morta. O rei mandou lhe dar talheres, mas não tiveram como oferecer-lhe um estojo de ouro maciço como às outras, porque só tinha mandado fazer sete, para as sete fadas. A velha sentiu-se desprezada e, resmungando, sussurrou algumas ameaças. Uma das jovens fadas, que estava sentada perto dela, ouvi-a e, temendo que ela pudesse dar a princesinha algum dom maléfico, foi se esconder atrás da tapeçaria assim que todos se levantaram da mesa, no intuito de falar por último e tentar consertar, tanto quanto lhe fosse possível, o mal que a velha tivesse feito.

Enquanto isso, as fadas começaram a conceder seus dons à princesa. A mais jovem lhe deu o dom de ser a pessoa mais bonita do mundo; a seguinte, de ser tão inteligente quando um anjo; a terceira, de ter uma graça admirável em tudo o que fizesse; a quarta, de dançar à perfeição; a quinta, de cantar como um rouxinol; a sexta, de tocar qualquer tipo de instrumento com o maior virtuosismo. Ao chegar a vez da fada velha, balançando a cabeça mais por despeito que por velhice, ela disse que a princesa haveria de furar a mão em um fuso e morrer por causa disso.

Esse dom terrível fez todo mundo estremecer e não houve quem não chorasse. Mas no mesmo instante a fada jovem saiu de trás da tapeçaria e disse bem alto estas palavras:

- Que o rei e a rainha se tranquilizem, sua filha não morrerá por isso; é verdade, eu não tenho poder suficiente para desfazer por completo o que a fada mais velha fez. A princesa há de furar a mão num fuso; mas, em vez de morrer, ela apenas cairá num sono profundo que dirará cem anos, ao fim dos quais o filho de um rei virá despertá-la.

O rei, para tentar evitar a desgraça prevista pela fada velha, mandou sem demora divulgar um decreto que proibia as pessoas de fiar em fusos e até mesmo de tê-los em casa, sob pena de morte.

Quinze ou dezesseis anos depois, tendo o rei e a rainha ido a uma de suas casas de campo, deu-se que a jovem princesa, andando um dia pelo castelo e subindo de quarto em quarta, chegou a uma água-furtada, bem no alto de uma torre, onde uma velhinha, sozinha, fiava em sua roca. Nunca aquela boa mulher havia ouvido falar da proibição rela de fiar em fusos.

- O que a senhora está fazendo, vozinha? – disse a princesa.

- Eu, menina bonita, estou fiando – respondeu-lhe a velha, que não a conhecia.

- Ah, que lindo – prosseguiu a princesa -, como é que a senhora faz? Deixa eu ver se consigo fazer igual.

Bastou ela pegar no fuso, impetuosa como era, e até um pouco estabanada, e também porque a decisão das fadas assim o ordenava, para logo ela furar a mão e ali cair desmaiada.

A boa velha, atordoada, grita por socorro: de todos os lados corre gente, jogam água no rosto da princesa, afrouxam suas roupas, batem em suas mãos, esfregam loção da rainha da Hungria em suas têmporas, mas nada a fazia voltar a si.

Foi então que o rei, ao subir até lá atraído pela barulheira, lembrou-se da previsão das fadas e, entendendo que aquilo tinha de acontecer porque assim fora dito pelas fadas, mandou colocarem a princesa no mais pelo apartamento do palácio, numa cama bordada a ouro e prata. Ela, de tão bonita que ficou, poderia ser comparada a um belo anjo, pois as cores vivas não haviam sumido de sua pele como o desmaio: sua face estava cor-de-rosa e os lábios como coral; ela apenas tinha os olhos fechados, mas ouvia-se sua respiração muito leve, o que era a prova de que não estava morta.

O rei ordenou que a deixasse dormir sossegada, até chegar sua hora de acordar. A fada boa que lhe salvara a vida, condenando-a a dormir por cem anos, achava-se no reino de Mataquin, a doze mil léguas de distância dali, quando ocorreu o acidente com a princesa; mas num instante ela foi avisada por um pequeno anão que tinha botas de sete léguas (eram botas com as quais se percorriam sete léguas a cada passada). A fada partiu de lá sem delonga e uma hora depois a viram chegar numa carruagem de fogo puxada por dragões. O rei lhe ofereceu a mão para ajudá-la a descer da carruagem.

Ela aprovou tudo o que ele tinha feito; mas, como era muito previdente, pensou que, quando a princesa despertasse, ela ficaria muito confusa por estar totalmente sozinha naquele velho castelo; eis então o que ela fez.

Com sua varinha de condão, tocou em todos que estavam no castelo (menos no rei e na rainha), governantas, damas de honra, camareiras, fidalgos, mordomos, copeiros, cozinheiros, ajudantes de cozinha, mensageiros, guardas, porteiros, pajens, lacaios; tocou também em todos os cavalos das cocheiras, junto com os cavalariços, nos grandes mastins que ficavam pelo pátio e na pequena Pufe, a cadelinha da princesa, que estava em cima da cama, perto dela. Assim que a fada os tocou, todos caíram no sono, para só acordarem no mesmo instante em que sua senhora, a fim de estarem prontos para servi-la quando ela precisasse deles; até os espetos que estavam na lareira, cheios de perdizes e faisões, foram dormir, como o próprio fogo. Tudo isso aconteceu num instante; as fadas não demoravam nada em suas tarefas.

Então o rei e a rainha, depois de beijarem sua querida filha sem que ela despertasse, saíram do castelo e mandaram divulgar a proibição de que qualquer um, fosse quem fosse, se aproximasse do local. Proibição que, aliás, nem era necessária, pois em um quarto de hora cresceu em torno do parque uma quantidade tão grande de árvores altas e baixas, com muitas plantas espinhentas entrelaçadas uma nas outras, que nem gente nem bicho conseguiria passar por lá – apenas as pontas das torres do castelo ainda eram visíveis, e mesmo assim só de muito longe. Nunca se duvidou de que a fada tivesse feito aquilo como mais um dos ardis de que ela era capaz para que a princesa, enquanto adormecida, nada tivesse a temer dos curiosos.

Cem anos depois, o filho do rei que então reinava, e já era de outra família que não a da princesa adormecida, tendo ido caçar perto dali, perguntou o que eram aquelas torre que ele avistava por cima da mata densa e fechada; cada um lhe respondia conforme o que tinha ouvido falar. Uns disseram que era um velho castelo habitado por fantasmas; outros, que todos os feiticeiros da região faziam seus encontros ali. A opinião mais comum era de que naquele castelo morava um ogro e que para lá ele levava todas as crianças que conseguisse agarrar, para poder comê-las à vontade, sem que ninguém fosse capaz de segui-lo, uma vez que só ele tinha o poder de abrir passagem através da mata.

O príncipe já nem sabia no que acreditar quando um velho camponês tomou a palavra e disse:

- Há mais de cinquenta anos, meu príncipe, eu mesmo ouvi meu pais dizer que nesse castelo havia uma princesa, a mais bela do mundo, que teria de dormir por cem anos e só seria despertada pelo filho de um rei ao qual ela estava destinada.

Ao ouvir isso, o jovem príncipe sentiu-se todo afogueado; acreditou, sem titubear, que seria ele a dar fim a tão estranha aventura e, movido pelo amor e pela glória, decidiu ir ver de imediato do que se tratava. Assim que avançou em direção à mata, caminha para o castelo, que avistava no fim de uma longa alameda na qual havia entrado, e nota, surpreendendo-se um pouco, que nenhum de seus acompanhantes conseguiria segui-lo, pois as árvores, depois de ele ter passado, logo voltaram a se fechar. Nem por isso ele deixou de prosseguir seu caminho: um príncipe jovem e apaixonado é sempre valente. E assim, ele entrou num grande pátio, onde tudo o que observou à primeira vista o fez gelar de medo: num silêncio pavoroso, a imagem da morte se apresentava ali por toda parte, não havendo senão corpos estendidos, de homens e de animais que pareciam mortos. No entanto, ele percebeu muito bem, pelo rosto corado e pelo nariz cheio de espinhas dos porteiros, que eles estavam simplesmente dormindo, e seus corpos, onde ainda restavam algumas gotas de vinho, indicavam com clareza, que estavam bebendo no momento que dormiram.

Ele passa por outro pátio, todo pavimentado de mármore, sobe uma escada e entra na sala dos guardas, que estavam alinhados em duas fileiras frente a frente, de carabina no ombro e roncando tanto quanto podiam. Atravessa vários cômodos repletos de fidalgos e damas, todos dormindo, uns em pé, outros sentados, e, ao entrar num quarto completamente dourado, vê num leito com cortinados abertos o mais belo espetáculo que jamais vira: uma princesa que parecia ter quinze ou dezesseis anos e cuja beleza esplendorosa tinha algo de luminoso e de divino. Trêmulo e cheio de admiração, ele se aproximou e se ajoelhou perto dela.

Então, com o fim do encantamento, a princesa acordou; mirando-o com mais ternura nos olhos do que um primeiro encontro parecia permitir, disse a ele:

- É você, meu príncipe? Você, que se fez esperar por tanto tempo?

O príncipe, encantado com tais palavras, e mais ainda com a maneira como foram ditas, não sabendo como demonstrar sua alegria e gratidão, garantiu-lhe que a amava mais do que a si mesmo. Suas frases, saindo mal encadeadas, agradaram bem mais; pouca eloquência, muito amor. Ele, não há por que se espantar com isso, estava mais envergonhado do que ela, que tivera tempo de pensar no que lhe dizer, pois aparentemente (embora a história nada diga a respeito) a fada boa lhe havia propiciado, durante um sono tão longo, o prazer dos sonhos agradáveis. Por fim, depois de quatro horas de conversa, eles ainda haviam falado nem metade das coisas que tinham para dizer um ao outro.

Enquanto isso, todo o palácio despertou junto com a princesa; cada um pensava no que tinha que fazer e, como nem todos estavam apaixonados, encontravam-se mortos de fome; apressada como os demais, a dama de honra se impacientou e disse à princesa, em voz alta, que a comida estava servida. O príncipe ajudou a princesa a se levantar; ela estava vestida do modo mais magnifico; mais bem que ele se poupou de lhe dizer que estava vestida como a avó dele, e ainda usava gola alta; nem por isso estava menos bonita.

Eles passaram para o salão espelhado, onde cearam, servidos pelos copeiros da princesa; os violinos e oboés tocaram música antiga, mas excelentes, embora já fizesse quase cem anos que ninguém as tocasse; depois da ceia, sem perder tempo, o capelão-mor casou-os na capela do castelo e a dama de honra foi fechar os cortinados da cama: eles dormiram um pouco, a princesa já quase não precisava de sono, e o príncipe a deixou de manhã cedo para retornar à cidade, onde seu pai devia estar preocupado com ele.

O príncipe lhe disse que se perdera na floresta durante a caçada e tinha dormido na cabana de um cavaleiro, que lhe havia dado pão preto e queijo para comer. O rei, seu pai, que era bem ingênuo, acreditou, mas sua mãe não se deixou convencer e, vendo que quase todos os dias o filho saía para caçar e que sempre dormia duas ou três noites fora alegava uma razão qualquer, não duvidou mais de que ele estivesse envolvido com algum namoro: de fato, ele viveu com a princesa por mais de dois anos, tendo como ela dois filhos: o primeiro, uma menina, que foi chamada de Aurora; o segundo, um menino, chamado de Dia, pois parecia ainda mais belo do que a irmão.

Várias vezes a rainha disse ao filho, para fazê-lo se explicar, que na vida era preciso satisfazer os desejos, mas ele jamais ousou contar seu segredo a ela; embora a amasse, tinha medo da mão porque ela era da raça de ogros e o rei só a desposara por causa de sua grande fortuna; dizia-se até nos cochichos da corte que a rainha tinha as mesmas inclinações dos ogros e que ela, quando via criancinhas passando, fazia o maior esforço do mundo para se conter e não se lançar sobre elas; portanto, o príncipe nunca mais quis lhe contar nada.

Mais depois que o rei morreu, o que aconteceu dois anos mais tarde, o príncipe passou ao comando, reconheceu publicamente o seu casamento e, com grande pompa, foi buscar sua melhor, agora rainha, no castelo. Na capital, onde ela entrou cercada pelos filhos, fizeram-lhe uma recepção magnífica.

Pouco tempo depois, o novo rei foi à guerra contra o imperador Cantalabutte, seu vizinho. Na regência do trono, deixou a rainha-mãe, a quem recomendou com insistência que zelasse pela sua esposa e seus filhos; ele deveria permanecer na guerra durante todo o verão. Assim que ele se foi, a rainha-mãe manou a nora e os filhos dela para uma casa de campo na floresta, a fim de satisfazer mais facilmente a sua horrível vontade. Passados alguns dias, ela também foi para lá e, certa noite, disse ao mordomo:

- No jantar de amanhã, quero comer a pequena Aurora.

- Ah! madame – disse o mordomo

- Eu já disse que quero – insistiu a rainha (e o fez num tom de ogra que tem vontade de comer carne fresca). – E é no molho Robert** que eu quero comê-la.

O pobre-coitado, percebendo que seria inútil tentar se opor a uma ogra, foi pegar seu facão e subiu ao quarto da pequena Aurora, que estava, então, com quatro anos; ao vê-lo, ela foi abraçá-lo aos pulos, rindo, para lhe pedir um doce. Ele desabou no choro, deixando cair o facão cair, e correu ao terreiro para cortar a garganta de um cordeirinho, para o qual fez um molho tão gostoso que a soberana lhe disse nunca haver comigo nada igual. Ao mesmo tempo, pôs a salvo a pequena Aurora, dando-a à sua mulher para escondê-la no casebre que ela ocupava nos fundos do terreiro.

Oito dias depois, a malvada rainha disse ao mordomo:

- Na ceia, quero comer o pequeno Dia.

Sem nada responder, decidido a enganá-la como da outra vez, ele saiu à procura de pequeno Dia, a quem encontrou com uma espadinha na mão, esgrimindo contra o macaco grande; o menino tinha apenas três anos. Levou-o à sua mulher, que o escondeu junto com a pequena Aurora, e em lugar do pequeno Dia o mordomo serviu um cabritinho macio, que a ogra considerou uma verdadeira delícia.
Até então, tudo havia corrido muito bem; mas uma noite essa malvada rainha disse ao mordomo:

- Quero comer a rainhazinha no mesmo molho das crianças.

Foi então que o pobre mordomo perdeu toda a esperança de ainda poder enganá-la. A jovem rainha tinha mais de vinte anos, sem contar os cem que passara dormindo; sem pele, apesar de branca e bela, já estava um pouco dura; como encontrar, entre os animais que eles criavam ali, um assim tão duro? Para salvar a própria vida, ele resolveu cortar a garganta da jovem rainha e subiu ao quarto dela com a intenção de acabar logo com aquilo; fazendo-se de furioso, entrou com um punhal na mão. Ainda assim, não quis surpreendê-la, por isso lhe comunicou, como todo respeito, a ordem que tinha recebido da rainha-mãe.

Ela esticou o pescoço dele e disse:

- Pois cumpra o seu dever, execute a ordem que lhe foi dada; quanto a mim, vou rever meus filhos, as pobres crianças que eu tanto amava – pois ela os supunha mortos desde que os tinham levado sem nada lhe dizer.

- Não, não, madame – respondeu o pobre mordomo, comovido. – A senhora não irá morrer nem deixará de rever seus queridos filhos, e será na minha casa, onde os escondi; de novo vou enganar a rainha, fazendo-a comer, em vez da senhora uma corça nova.

Imediatamente, ele a levou para sua casa, onde a deixou cobrindo os filhos de beijos e chorando com eles, enquanto ia preparar uma corça, que a rainha comeu durante a ceia com o mesmo apetite com que teria devorado a jovem rainha. Muito contente com sua crueldade, ela já se preparava para dizer ao rei, quando ele voltasse, que lobos enfurecidos haviam devorado sua esposa e seus dois filhos.

Uma noite, enquanto rondava, como era de costume, pelos terreiros e pátios do castelo, a farejar por ali cheiro de carne fresca, ela ouviu o pequeno Dia chorando no porão, pois a rainha sua mãe queria mandar chicoteá-lo por ele ter agido mal; e ouviu também a pequena Aurora pedindo perdão ao irmão. Reconhecendo a voz da rainha e de seus filhos, a ogra, determinou, com uma voz assustadora que fez todos tremerem, que fosse postos no meio do pátio principal um grande tonel, o qual mandou encher com sapos, víboras, cobras e serpentes, para jogar lá dentro da rainha e seus filhos, o mordomo, sua esposa e a ajudante do casal; eles foram trazidos, conforme a ordem dela, com as mãos amarradas às costas.

Todos estavam lá e os carrascos já se preparavam para atirá-los no tonel quando o rei, que não era esperando assim tão cedo, entrou no pátio a cavalo; ele viera num cavalo alugado*** e; cheio de espanto, perguntou o que significava aquele horrendo espetáculo; ninguém se atreveu a lhe dar explicações, até que a ogra, enraivecida com o que estava vendo, jogou-se ela mesma na cabeça no tonel, onde os bichos ferozes que ela mandara pôr lá a devoraram num instante. O rei não deixou de sentir pena: afinal tratava-se de sua mãe; mas logo ele se consolou com sua bela mulher e seus filhos.


MORAL

Esperar algum tempo para ter um esposo
Rico, belo, gentil, bondoso,
É coisa muito natural.
Mas para esperar cem anos, sempre dormindo,
Não se acha mais mulher igual,
Tão tranquilamente insistindo.
A fábula parece também querer mostrar
Que às vezes os agradáveis nós do casório,
Mesmo que tardem, podem dar um caso sério.
Nada se perde por esperar;
Mas a mulher com tanto ardor
Aspira à fé conjugal,
Que eu não tenho força nem destemor
De lhe pregar esta moral.





*Esta loção, feita para a rainha Isabel da Hungria (1305-80), é preparada a base de flores de alecrim e álcool. 
**Molho feito com manteiga, cebola e especiarias normalmente servido como acompanhamento para assados suínos e bovinos.

***No original, il était venu em poste. Poste, na França, foi a primeira ideia de posto dos correios, uma área demarcada nas estradas medievais, a distância regulares, onde os mensageiros podiam emprestar ou alugar cavalos para percorrer longos caminhos de forma mais ágil. Neste conto, reforça a ideia de que o rei recorreu a um meio de voltar para casa com rapidez.


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