Desde criança sempre
fui muito CURIOSA com as ESTÓRIAS POR TRÁS DAS ESTÓRIAS. As estórias por trás das pessoas que eu via na
rua, por trás dos fatos mais corriqueiros e até por trás das notícias que eu
via na tv. E ficava ainda mais INTRIGADA com aquelas
estórias que não são assim, digamos, tão verdadeiras, não são MENTIRAS, mas também não são verdades. São aquelas estórias que a gente inventa para acalentar, estórias que minha avó chamava de Estórias para Mimar.
Lembro da 1º vez que eu menti. Bom, pelo menos
foi a primeira vez que eu tomei consciência de que estava mentindo. Eu devia
ter uns 10 anos e um dia não quis ir
a aula. Meus pais concordaram, não me lembro exatamente o por quê, mas, de
fato, aquele dia eu faltei.
No dia seguinte quando eu cheguei na escola a professora me chamou e perguntou “por que eu tinha faltado”. E nesse momento eu tive CERTEZA que eu TINHA que
mentir. Sério. Eu fiquei com medo que ela pensasse que eu não gostava dela.
Coisa de criança, mas eu tive certeza de que EU TINHA QUE MENTIR.
Após a aula, cheguei em casa e expliquei pra minha mãe por que eu tinha mentido para a professora e ela perguntou.
- E o que você falou para a professora?
- Que eu tive gripe, um febrão só.
- E ela? – perguntou minha mãe.
- A professora? – respondi meio querendo fugir do assunto,
mas não teve jeito, meu pai repetiu a pergunta da minha mãe e só me restou
responder.
– A professora quer saber o NOME DO REMÉDIO que eu tomei pra melhorar assim tão rápido!
Na época minha mãe me explicou que isso não era
bem uma mentira, mas que eu tinha inventado uma estória para não correr o risco
de magoar a professora. Isso não era certo, mas também não era uma mentira maldosa, minha mãe disse ainda que essa poderia ser chamada, não de mentira, mas de uma ESTÓRIAS
PARA MIMAR.
- Nesse caso – minha mãe frisou bem – NESSE CASO, não vai fazer mal a ninguém. A partir daí é você quem
deve ponderar PRÓS E CONTRAS de uma mentira, seja ela qual for.
- Prós e contras? Acho que na época eu nem
sabia o que era isso!
Mas essa foi APENAS a primeira vez que eu menti, mas foi, também, a primeira vez que criei, dirigi e
interpretei uma estoria minha, criada por mim e só por mim mesma.
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