A narrativa em terceira pessoa oferece grande
flexibilidade ao escritor e é o modo narrativo mais utilizado na literatura. Com narrativa em
terceira pessoa, nos identificamos como acompanhantes do PDV, mesmo que o
narrador não participe da estória e só se apresente como um observador cujo
trabalho é relatar o enredo para o leitor, a exemplo do dr. Watson, de Sherlock
Holmes.
O grau de conhecimento do
narrador em relação aos personagens pode ser:
·
objetivo e limitado – Mostra apenas o que é
visível e observável, isto é, a cena de ação, como quem captura imagens com uma
filmadora;
·
subjetivo e onisciente - Tem conhecimento e
controle sobre tempo, lugares e eventos, além de ter acesso aos pensamentos e
sentimentos dos personagens.
Também é possível criar um narrador entre esses dois extremos. Um que, por
exemplo, saiba tudo sobre o protagonista, incluindo seus desejos, medos,
angústias, mas seu conhecimento é restrito a esse personagem ou, então, um tipo
de narrador que mantêm um certo distanciamento dos fatos e, ao contrário do
primeiro, não conhece o interior de nenhum dos personagem, obserbando, assim,
apenas as cenas de ação e interferindo na estória com observações e
julgagamentos sobre os os personagens.
Exemplo de narrativa em terceira pessoa:
“Está bem, papai”, disse Bruno,
insatisfeito com a resposta.
Ele abriu a porta e o pai o chamou de
volta por mais um instante, levantando-se e erguendo uma sobrancelha como se o
menino tivesse esquecido alguma coisa. Bruno lembrou-se assim que o pai fez o
sinal, e disse a frase e o imitou com exatidão.
Ele juntou os pés e ergueu o braço
direito no ar antes de bater um calcanhar no outro e dizer numa voz tão
profunda e clara quanto possível – tão parecida com a do pai quanto ele
conseguia fazer – as palavrs que dizia sempre que saía da presença de um
soldado.
“Heil
Hitler”, disse, o que Bruno presumia ser outra forma de dizer: “Bem, até
logo, tenha uma boa tarde”.
O
Menino do Pijama Listrado – John Boyne
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